
Clarabeauty perguntou e eu respondo. Você sabe o que foi?
"Amor, então,
também acaba?
Não, que eu saiba.
O que eu sei
é que se transforma
numa matéria-prima
que a vida se encarrega
de transformar em raiva.
Ou em rima."
"Quando a mulher tem muito charme, é muito agradável e faz da vida do homem uma delícia, estejamos certos de que sua feminilidade é muito relativa. A mulher verdadeiramente mulher, profundamente mulher, e só mulher, sem nenhum traço de homossexualidade, é, tem de ser, nasceu assim e vai até a morte assim, chata."
(Trecho de entrevista concedida à jornalista Christina Autran, para o livro "Por que a mulher gosta de apanhar" - Nova Fronteira)
... reforma no meu peito!
pedreiros, pintores, raspadores de mágoas
aproximem-se!
rolos, rolas, tinta, tijolo
comecem a obra!
por favor, mestre de horas
tempo, meu fiel carpinteiro
comece você primeiro passando verniz nos móveis
e vamos tudo de novo do novo começo.
(Elisa Lucinda)
"Sim, homem é frouxo, só usa vírgula, no máximo um ponto e virgula; jamais um ponto final.
Sim, o amor acaba, como sentenciou a mais bela das crônicas de Paulo Mendes Campos: “Numa esquina, por exemplo, num domingo de lua nova, depois de teatro e silêncio; acaba em cafés engordurados, diferentes dos parques de ouro onde começou a pulsar...”
Acaba, mas só as mulheres têm a coragem de pingar o escandaloso ponto poroso da caneta-tinteiro do amor. E pronto. Às vezes com três exclamações, como nas manchetes sangrentas de antigamente, jornal da morte, SANGUE, SANGUE, SANGUE!!!
Sem reticências...
Mesmo, em algumas ocasiões, contra a vontade. Sábias, sabem que não faz sentido a prorrogação, os pênaltis, deixar o destino decidir na morte súbita.
O homem até cria motivos a mais para que a mulher diga basta, chega, é o fim!!!
O macho pode até sair para comprar cigarro na esquina e nunca mais voltar. E sair por ai dando baforadas aflitas no king-size do abandono, no continental sem filtro da covardia e do desamor.
Mulher se acaba, mas diz na lata, sem metáforas.
Melhor mesmo para os dois lados, é que haja o maior barraco. Um quebra-quebra miserável, celular contra a parede, controle remoto no teto, óculos na maré, acusações mútuas, o diabo-a-quatro.
O amor, se é amor, não se acaba de forma civilizada.
Nem aqui nem Suécia.
Se ama de verdade, nem o mais frio dos esquimós consegue escrever na neve o “the end” sem pelo menos uma discussão que amplie o aquecimento do planeta.
Fim de amor sem baixarias é o atestado, com reconhecimento de firma e carimbo do cartório, de que o amor ali não mais sentava praça.
O mais frio, o mais cool dos ingleses estrebucha e fura o disco dos Smiths, I Am Human, sim, demasiadamente humano esse barraco sem fim, amém.
O que não pode é sair por ai assobiando, camisa aberta, relax, chutando as tampinhas da indiferença para dentro dos bueiros das calçadas e do tempo.
"Meu bem
Este teu corpo parece
Do jeito que ele me aquece
Um amendoim torradinho"
(Henrique Beltrão)