"Ô cride, fala pra mãe!"
Por mais paradoxal que pareça, não costumo ver televisão.
Muita calma nessa hora, que é pra não prejulgar a pessoa. É claro que acompanho o que acontece, até porque faz parte da minha profissão. O que quero dizer é que
não vejo TV como a grande maioria que senta na poltrona, no domingão, e se deixa hipnotizar. Com isso, já percebi que corro até o risco de perder o assunto, notadamente nas segundas-feiras. Mas, acredite, não se trata de algo preconcebido.
Paciência para ver novela é coisa que não tenho. E aqui cabe um parêntese (exceção feita a Café com Aroma de Mulher), que pode ser comentado em outro capítulo dessa estória. Mesmo o show diário dos telejornais tem passado batido. Mas aí você pode dizer que isso é alienante, principalmente porque se trata do meu trabalho e tal. Pois a resposta está na ponta da língua: eu
vejo o que me interessa. Penso que é assim mesmo com todo mundo.
E coisa boa é ser surpreendida!
Foi assim com o
Re[corte]Cultural. Taí um programa que gostaria de fazer! Nada linear, vibrante, quente como a televisão não costuma ser. Dura apenas meia hora, mas deixa eco. Nada de enquadramentos previsíveis. Nada de invencionices. Tudo bem articulado. Edição no tempo certo. BG bem escolhido. Quadros que despertam curiosidade, especialmente o Debatedeira, um bate-papo no estúdio com um convidado. A apresentação, feita por
Michel Melamed é da mesma forma especial. Ele é também roteirista do programa. Não o conhecia. Mostra inteligência sem afetação. É gente de mesmo.
O programa faz parte da grade da
TVE Brasil e vai ao ar, aqui em Fortaleza, pela
TV Cultura. Assista e me conte.
[ Escrevi depois ] Googlando, encontrei 831 páginas sobre Michel Melamed. Das mais interessantes:
- o site dele, "em desconstrução" - pare e ouça "O nosso último jantar"
- matéria na Bravo sobre o espetáculo Regurgitofagia.