Não basta gravar, tem que fazer circular
Revirar a estante de CDs da casa de uma amiga pode resultar em agradáveis surpresas, como encontrar um exemplar do CD
A Era do rádio cearense. Mas como? Quem gravou? Quando? Nem uma linha em cadernos de cultura ou na TV? Valéria Cordeiro, a amiga, produtora cultural das mais presentes em Fortaleza sequer tinha retirado o plástico da embalagem e, da mesma forma, não sabia de absolutamente nada do tesouro recém descoberto por mim ali mesmo. Antes de ir para a agulha, uma constatação: não há no encarte referência mais detalhada sobre o projeto, a escolha de nomes ou canções. Quanto ao resultado, ah! é digno de festa, de aplauso.
Seis intérpretes: Ayla Maria, Guilherme Neto, Marilena Homero, Otávio Santiago, Salete Dias e Terezinha Silveira se revesam nas 12 faixas sob a direção musical do maestro Adelson Viana e de Leonardo Rocha. A qualidade da gravação é primorosa, músicos que são um luxo só, as vozes fazem juz ao glamour experimentado em tempos áureos dos programas de auditório da PRE-9 ou Ceará Rádio Clube.
Não ouvi na ordem que se apresentam os títulos, fui logo ter com "A Mentirosa". Como seria ouvir o Guilherme Neto para além dos encontros com amigos e familiares? Passados os oitenta e poucos, ele continua firme e com um fôlego que em nada combina com o piscar frenético do isqueiro a acender um cigarro quase que na bituca do anterior. Que coisa! E eu gostei de perceber um quê de desafino a certa altura. Que ele não me leia.
E tem mais: onde eu estava que nunquinha tinha ouvido os versos de "Amendoim torradinho"? Marilena Homero dá uma grandeza às frases aparentemente bobas como poucas conseguiriam. Ayla, olha a intimidade! continua sendo hors concours. Afinadíssima, mostra o que é ter ritmo, traçando com levesa absoluta a letra de Zé Maria e Avaneide, em "O que vier eu traço". E segui a ouvir, certa de que nossos sentidos se entrelaçam e se combinam para aumentar nosso prazer. Do contrário, aquele sorriso não estaria comigo do começo ao fim da audição.
Entretanto, leiga que sou, permito-me fazer uma consideração: os arranjos acabam por se mostrar um tanto repetitivos, previsíveis. Fiz comigo mesma, enquanto Valéria pegava mais uma taça de vinho, uma aposta de acertar a estrofe seguinte. Ponto para mim! E de novo? Mas, calma. Nada que me fizesse voltar à pilha de discos ali do lado. Ouvir A era do radio cearense vale a pena por esses e tantos outros motivos, que cada um que tiver a oportunidade de ter o CD em mãos vai descobrir.
Aliás, o que falta agora é um lançamento compatível com a importância do produto gerado pelas leis de incentivo à cultura. Afinal, não seria mais justo colocá-lo à disposição de mais gente, além dos poucos familiares e amigos e do pessoal de sempre?
"Meu bem
Este teu corpo parece
Do jeito que ele me aquece
Um amendoim torradinho"
(Henrique Beltrão)
Revirar a estante de CDs da casa de uma amiga pode resultar em agradáveis surpresas, como encontrar um exemplar do CDA Era do rádio cearense. Mas como? Quem gravou? Quando? Nem uma linha em cadernos de cultura ou na TV? Valéria Cordeiro, a amiga, produtora cultural das mais presentes em Fortaleza sequer tinha retirado o plástico da embalagem e, da mesma forma, não sabia de absolutamente nada do tesouro recém descoberto por mim ali mesmo. Antes de ir para a agulha, uma constatação: não há no encarte referência mais detalhada sobre o projeto, a escolha de nomes ou canções. Quanto ao resultado, ah! é digno de festa, de aplauso.
Seis intérpretes: Ayla Maria, Guilherme Neto, Marilena Homero, Otávio Santiago, Salete Dias e Terezinha Silveira se revesam nas 12 faixas sob a direção musical do maestro Adelson Viana e de Leonardo Rocha. A qualidade da gravação é primorosa, músicos que são um luxo só, as vozes fazem juz ao glamour experimentado em tempos áureos dos programas de auditório da PRE-9 ou Ceará Rádio Clube.Não ouvi na ordem que se apresentam os títulos, fui logo ter com "A Mentirosa". Como seria ouvir o Guilherme Neto para além dos encontros com amigos e familiares? Passados os oitenta e poucos, ele continua firme e com um fôlego que em nada combina com o piscar frenético do isqueiro a acender um cigarro quase que na bituca do anterior. Que coisa! E eu gostei de perceber um quê de desafino a certa altura. Que ele não me leia.
E tem mais: onde eu estava que nunquinha tinha ouvido os versos de "Amendoim torradinho"? Marilena Homero dá uma grandeza às frases aparentemente bobas como poucas conseguiriam. Ayla, olha a intimidade! continua sendo hors concours. Afinadíssima, mostra o que é ter ritmo, traçando com levesa absoluta a letra de Zé Maria e Avaneide, em "O que vier eu traço". E segui a ouvir, certa de que nossos sentidos se entrelaçam e se combinam para aumentar nosso prazer. Do contrário, aquele sorriso não estaria comigo do começo ao fim da audição.Entretanto, leiga que sou, permito-me fazer uma consideração: os arranjos acabam por se mostrar um tanto repetitivos, previsíveis. Fiz comigo mesma, enquanto Valéria pegava mais uma taça de vinho, uma aposta de acertar a estrofe seguinte. Ponto para mim! E de novo? Mas, calma. Nada que me fizesse voltar à pilha de discos ali do lado. Ouvir A era do radio cearense vale a pena por esses e tantos outros motivos, que cada um que tiver a oportunidade de ter o CD em mãos vai descobrir.
Aliás, o que falta agora é um lançamento compatível com a importância do produto gerado pelas leis de incentivo à cultura. Afinal, não seria mais justo colocá-lo à disposição de mais gente, além dos poucos familiares e amigos e do pessoal de sempre?

4 Comments:
Maísa, esse disco parece ser maravilhoso! Onde a Valéria encontrou essa preciosidade?
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Nirton Venancio, at 2:20 PM
É muito legal, Nirton. E a sua curiosidade me faz pensar que deveria ter postado um box com o serviço :)
Ah! Eu consegui três cópias, uma para mim mesma, uma para Dona Wanda e outra para o Nonatro Albuqueruqe. Quem sabe rola uma pra você ;)
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maísa, at 9:36 PM
quero uma cópia, sim! Segura pra mim. Estarei aí em maio. Beijos!
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Nirton Venancio, at 12:33 PM
olá!
eu estava pesquisando na net sobre a PRE 9 pois minha avó cantou nesta rádio mais ou menos em 1936 e me deparei com este blog, alguém sabe onde posso comprar este cd "A Era do rádio cearense"?
pacatatu@hotmail.com
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Anônimo, at 4:40 AM
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