El blog de los 3 amigos

domingo, dezembro 23, 2007

Gostaria de tê-lo conhecido, Dom Aloísio

E dizendo isso, já digo que não o conheci. Culpa da penumbra na lembrança. Mas pode ser que o tenha visto de pertinho lá pelos idos já bem idos de 1974, durante a cerimônia de ordenação de um tio. Era o Senhor quem estava lá? Lembro-me assustada. Corria por entre as sombras de uma Catedral ainda em construção: cenas registradas na memória como ruínas, prédio fantasma de filme encomendado para assustar menino malino. Mas assim não vale, meu querido Padre. Não o conheci. Infelizmente. Tive oportunidades, mas nunca estive com o senhor pessoalmente. Apenas pude admirá-lo de longe. Sempre fui fã da sua integridade, da convicção quanto à sua missão em favor dos direitos dos menos favorecidos, dos desvalidos, dos rechaçados por uma sociedade desigual, por uma Igreja voltada para o lado A da vida terrena.

Nunca o entrevistei, embora tenha tentado tantas vezes, Dom Aloísio! Pecadora que sou, confesso que desejei até ser a repórter da TV Jangadeiro na cobertura da visita ao IPPS, só para estar ao seu lado num episódio tão marcante como o acontecido em 1994. Quem não se emocionou ao vê-lo refém, com aquela faca no pescoço, ali caído, frágil diante do inimigo tantas vezes acolhido pela sua bondade. Imagine que não me surpreendi ao vê-lo retornar ao presídio, poucos dias depois, para o lava-pés! Compaixão era seu nome, não era?

Meu caríssimo e saudoso padre, chego a pensar que bem poderia ter sido mais fiel à religião herdada, assim talvez pudesse ter recebido a hóstia das suas mãos. Pensamento tardio, eu sei. E mais uma penitência eu mereço, certamente, por mais essa confissão. Pois é, assistir missa nunca foi programa que fizesse com freqüência. E penso que o senhor talvez tivesse me desencorajado dessa atitude, apenas para ser coerente com sua fé no que realmente era. Não foi assim que o senhor Foi assim que fez quando sugeriu que mesmo os fiéis à tradição e costumes da igreja católica poderiam alimentar-se de carne frango durante a semana Santa, como forma de superar a ganância? Foi isso que eu entendi, Dom Aloísio.

Essas e outras lembranças hão de ficar incólumes às sombras do esquecimento, Dom Aloísio, guardadas no compartimento do amor, num coração farto de saudade e também de alegria pelo que o senhor foi. Saudade assim não dói menos, mas conforta, alimenta um ciclo de certeza na redenção do ser.

E agora outro pensamento mais absurdo, e talvez mais distante de perdão me vem. Não posso escondê-lo. Penso que talvez não haja tempo para pletear um encontro nas tardes da vida eterna, uma conversa despretenciosa, sem cronômetros da produção alertando para o fim da entrevista, sem edições… Dom Aloísio, gostaria de ter tempo e, acima de tudo, merecimento para pleitear tão caro presente. Enquanto enxugo uma lágrima teimosa, penso numa forma de despedir-me e não me vem outra que não seja um… Até logo!


2 Comments:

  • Comovente Baby, acredite, marejou meus olhos. Era isso mesmo que você descreveu. Eu tive o prazer e o privilégio de ter participado de inúmeras reuniões e alguns retiros com "O Pastor" (nos tempos de pastoral de juventude e pastoral universitária) e beber de sua sabedoria, vai fazer uma falta grande.

    By Blogger Zeze Medeiros, at 10:44 AM  

  • PARABÉNS,MAÍSA,FALASTE DE UM HOMEM CUJA HISTÓRIA SERÁ,ETERNAMENTE,LEMBRADA.SEU JEITO MEIGO DE SER,COMOVIA A TODOS QUE DELE SE APROXIMAVAM.

    By Blogger Ismael Luiz, at 9:15 PM  

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