Eu adoro revistas!

Sim, pode incluir aí Criativa, e as nem tanto, Caras, Playboy, e até Uma e Contigo! Gosto de quase todas, por um ou outro motivo. Há sempre o que analisar, além do prazer da leitura, da informação, das figurinhas e tal.

Quando criança via atônita as capas alarmistas de Manchete. No recheio, textos que anunciavam a chegada distante do ano 2000, o ano em que teríamos que andar portando enormes máscaras de oxigênio e roupas horrendas devido à destruição iminente do planeta. Comecinho de adolescência, devorava fotonovelas agarrada à barra da saia das tias apaixonadas pelos ídolos de papel. Ainda nessa época, lembro de vasculhar os recantos da casa onde certamente estariam as de sacanagem! Aquelas que os tios guardavam a sete chaves por medo da minoria adulta. Encontrava-as sempre. Mas lembro bem do susto que foi ver algumas daquelas imagens quase ininteligíveis pr'uma cabeça ingênua de menina barriguda e pé no chão.

Depois vieram as publicações marginais lidas na faculdade, corredores da Escola de Arquitetura em tempos de abertura política, mas de muito medo ainda. Tinham uma importância! Eram os meus segredos, meus tesouros. Quadrinhos, mangás, verdadeiras obras de arte, tão distantes do bolso de estudante... Onde andará a minha coleção de revistas do Batman? Mudanças daqui e dali, devem ter caído do caminhão juntamente com tantas outras que já nem lembro. Mas, de fato, para quê guardá-las? Se as li, papel cumprido. O meu e o dela, da revista. Essa semana recebi algumas publicações, o que me deixou bem feliz. Parece que o mar está para revista. Eis algumas impressões sobre duas dessas revistas.


Pra começar, Farol

Já no terceiro número, faz um passeio pelo centrão "invisível" de Fortaleza, pelas cores da Feira da Messejana, dá uma parada no Flórida Bar e mergulha na vida que há em torno do rio Cocó. A revista, uma publicação da Prefeitura de Fortaleza, através da Funcet, agora é trimestral e tem uma tiragem de 25 mil exemplares, a serem distribuídos gratuitamente entre agentes de mobilização social, como associações de moradores, organizações não governamentais, escolas e programas da própria Prefeitura. Não é pouco. Como também não é fácil prever se sua circulação permanecerá. E mais: a periferia agradece. Vale a pena ler, ter, folhear ou o que seja. É um trabalho gráfico primoroso assinado pelo querido Gil Dicelli, editado pela Ethel de Paula, que durante anos foi da redação do jornal O Povo, e é ilustrada pelo olhar de Celso Oliveira, Drawlio Joca, Igor Câmara, Jarbas Oliveira, José Albano e Lia de Paula.

E tem a Seven Magazine

Só vi as figurinhas. A começar pela capa, uma interferência de Chico Neto sobre foto de Nicolas Gondim, é mais uma bola dentro em se falando de projeto gráfico. Mas, como caiu nas mãos hoje, vou ficar devendo em termos de observação do conteúdo. Mas está na cara que aqui a intenção é que os 10 mil exmplares circulem por outras aldeotas. Rogilton Conde, em Fortaleza, e Ana Nadaf, nos Isteites, e ela é mais uma querida, assinam como editor e co-editora, a revista que tem sete editorias. Vai na bolsa e será leitura certa no avião daqui a pouco. E pelo que vi, esse seria um bom canal de circulação, as aeronaves apertadas e sem o que fazer.