El blog de los 3 amigos

segunda-feira, março 19, 2007

Nunca casei e nem morri

O casal fez bodas de papel sem dar bola p'ras formalidades das leis dos homens ou dos céus. Até que veio a indagação:
- Vocês pensam em casar?
- Sim, quando formos funcionários públicos, respondeu ele levantando a vista da pilha de livros.
Diante do olhar intrigado da mãe, emendou sorrindente:
- É, só assim vamos ter oito dias de folga.

Mesmo tendo passado quase metade da vida casada, nunca casei. Nunca assinei papel ou fiz promessas no altar. E olha que bati pé diante de uma questão delicada e de uma família que me acordava as cinco da manhã para ir à missa de domingo. Não foi fácil convencer papai e mamãe de que casar é algo mais do que um ritual exigido pela sociedade. Tudo bem que houve dias em que até pensei o contrário e quis ceder. Mas a verdade é que não me sentia preparada para nada daquilo. Aliás, continuo achando que há muita encenação e quase sempre dou silenciosas gargalhadas ao constatar que o texto dos casórios é aquele velho texto arcaico de sempre. Onde já se viu ter que ser inquirida repetidamente sobre a vontade de seguir adiante numa relação amorosa? Para quê a insistência na argüição com ares de se não disser sim vai ser punida? E que bola de cristal faria a previsão de eternidade do enlace que se inicia ali aos pés do padre? É na vida a dois que tudo se delineia. O cotidiano de descobertas sobre o outro e a aceitação das diferenças é que define o futuro de uma união.

Na vida real, cada vez menos os casais comemoram bodas disso ou daquilo. Primeiro porque tudo parece descartável. Depois porque é bem difícil dar crédito para tantas datas. E quer saber? Mesmo que dure assim tanto tempo, na prática, quer coisa mais idiota do que fazer convite para as bodas de cerâmica ou de lã ou ainda de heliotrópio? E quem aí conhece alguém que completou bodas de mercúrio? Eu não.

Oquei, eu faço uma listinha dos nomes de aniversários de casamento.

1º ano: algodão
2º ano: papel
3º ano: couro
4º ano: flores
5º ano: madeira
6º ano: ferro
7º ano: cobre
8º ano: bronze
9º ano: cerâmica
10º ano: estânio
...
29º ano: lã
...
49º ano: heliotrópio

Fonte: Sempre, às vezes, nunca: etiqueta e comportamento - Fabio Arruda
Leia mais, aqui.
Foto: do site lendaviva


Escrevi depois: O título do post é um cacófato grosseiro mas bem que podia virar comunidade no Orkut ;)


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