Entre espumas

A voz é praticamente a mesma, nem tão firme quanto a da lembrança mas igualmente melodiosa. Aos 70 anos Roberto Muller continua atraindo fans e lotando shows, como o que aconteceu no Flórida Bar, nesta sexta feira. Conterrâneos de Piracuruca (a cidade onde nasceu), românticos, boêmios e bregas assumidos, todos num só coro: "Se um amor nasceu de uma cerveja, outra cerveja beberei para esquecer. Um amor que surge numa mesa, entre espumas terá de terminar". Tanranranranran tanran..." Bom demais! Garçooooooom!"

Felizmente, resolvi sair da toca e aceitei a mesa reservada, ali bem no gargarejo. Além dos sucessos de uma carreira que já completa 50 anos, Roberto Muller conta causos da sua trajetória como "o romântico pingo de ouro do Brasil", fala de amor e da necessidade de "exercitar" o amor, flerta com a secretária ("a mulher que toma conta" dele), brinca com a platéia, manda recadinhos. Imagine que duas figuras, vendedores de feijão verde (lindamente embalado em saquinhos plásticos), resolveram se postar de frente pro palco e curtir o show! Pois na horinha o nosso cantor brincou com a situação: "até feijão verde se compra no meu show". Ahahaha! Não podia ter sido melhor. 70 anos? Não parece mesmo! E a noite toda continuei com a mesma vontade de dar aquela puxada na peruca dele. Não vou nem mentir!

Foto: Alysson Átila