Você compraria um gato antialérgico?

Bem antes do status de Pêlo Curto Brasileiro, a preferência pelo vira-lata já era evidente. Bilu e Mimoso, os filhotes acolhidos no quintal-sítio, eram a ocupação preferida. Ronron pra cima, ronron pra baixo... A volta da escola era na carreira. E choro, a rodo, se ameaçavam apartar a família-gato.

- Essa menina vai ficar maluca! Temia a mãe. Pudera! lá não estavam os dois. Sobe daqui e dali e nada. Irmão mais novo inocentado e nem sinal. - Buááá, a cobra comeu o Biluuuuuu, ennnnnn! Consolo mesmo só na hora que Não-sei-lá-quem levantou o pano da garupa da Monark. Caminha quentinha, faz-se em qualquer lugar, ora!

Mas punho de rede é sina e lá se foi o Bilu pro céu dos animais. Mimoso, tendo se valido de todas as seis, viu a vida se ir na porta dos 14 anos. E olha que esse foi o número de dias dentro do cacimbão do mangueiral! E justamente essa é a idade da Chun-Li, a gata-herança que divide as atenções da casa hoje em dia. Arisca até no nome, cheia de liberdade como convém aos felinos, resiste. Confesso: falta um dengo, falta mais que isso.

Animal de estimação não é bibelô que se exibe junto com a etiqueta de preço. É preciso amor, daqueles que vêm antes. É por isso que torço meu nariz ultraconservador e gélido de horror diante de invenções como a de gatos geneticamente modificados. Acredite! Uma empresa americana está "produzindo" gatos "totalmente antialérgicos", que "não causam mal aos seus proprietários", que vêm com certificado de saúde e um ano de garantia. Uma pechincha! Algo como R$ 14.900,00 + taxa de entrega, segundo o Terra.