Atualíssimo!

"Ciúme faz brasileira queimar casa de padre na Itália". A notícia divulgada no Terra reavivou minhas percepções sobre a leitura do final de semana.

O feriadão foi todo um mergulho n'O Crime do Padre Amaro. Por motivos que não recordo, a lista de livros recomendados (isso pra não dizer que era obrigação, claro!) na adolescência não incluía Eça de Queiroz. Fico matutando se pode ter sido ainda pelo fato de cair como uma literatura proibida... Mas como, se podia ler outros tantos realistas? Depois da fase José de Alencar, em que li inclusive A Pata da Gazela (Ai! acredite, eu adorava aquele floreado!), veio a surpresa de poder descortinar uma realidade mais crua nas páginas d'O Cortiço, de Aloísio Azevedo. Dias e dias de olhos grudados em Machado de Assis. Mesmo Madame Bovary, de Flaubert (achava lindo o nome dele!) eu li! Então, por que não Eça de Queiroz?

Pois, antes tarde do que nunca, amiguinhos! Nossa! como os diminutivos estão presentes na fala de Amaro. Li todo o livro tentando ouvir a pronúncia, imaginando a voz de cada um dos personagens. Pode? Mas é claro que isso funciona como mais um ingrediente para dar o tom da dramaticidade das cenas! Hipocrisia, depravação, fanatismo, nojo, pena, incredulidade, realidade - tudo cabe. Se ainda hoje é difícil ler O Crime do Padre Amaro sem uma dose de desconforto, imagino à época do seu lançamento, em 1875. Mas é atualíssimo o tema já que certos preceitos continuam alimentando desvios de uma sociedade sedimentada pelo poder de uma igreja voltada para si!

Detalhe: não me satisfiz folheando o exemplar editado pela L & PM Pocket. Embora mais acessível, o tempo todo me imaginei com um daqueles capa dura, de letras douradas e fitinha vermelha como marcador. O próximo da lista é O Primo Basílio.