El blog de los 3 amigos

domingo, fevereiro 13, 2005

Sou fã e daí?


Um substantivo ímpeto guia o fã. Ou a fã. Sequer há definição de gênero para a palavrinha surgida nos glamurosos dias de Hollywwod. Muito menos espaço ou tempo certos são necessários para a manifestação deste ser, às vezes, oculto por entre véus de timidez.
Quem não é fã de alguém ou de algo que acesse os comentários e se explique. Ou será que ter a coleção completa do Pink Floyd ou da Ivete Sangalo não significa ter entrado para o rol dos que se diferem da multidão sem ênfase?
Mas para o fã entrar em ação, não basta apenas o ídolo estar ali. É preciso uma lufada de coragem; um arroubo acrescido de sugestivas doses de descaro, eu diria. Um combustível que dura pouco, e quase sempre se esvai diante do olhar impreciso do idolatrado.
Eu que não encaro com normalidade o fato de ser parada na rua para dar autógrafo, confesso que já fiz, e continuo fazendo, o mesmo. E tenho uma teoria: a menos que a condição de "fanático" por alguém tenha sido elaboradíssima, penso que a frustração é um sentimento inevitável quando da abordagem. Onde já se viu não ser compreendida ou não receber a atenção desejada...
Bem, mas como tudo na vida muda depois de uns dois ou três segundos de reflexão, vou encarar que o Stanley Jordan é também um rapaz acometido de acanhamento, como me quer fazer crer a amiga Sônia Lage, e que por isso limitou-se a garranchear alguns hieroglifos num ingresso de show, sem sequer dirigir o olhar para mim. Gosto dele mesmo assim. Já gostava antes do acontecido de ontem, no Teatro José de Alencar, durante o show do Nuno Mindélis e do Big Joe Manfra.
Na verdade, já passei por algo parecido antes. Senti-me exatamente assim diante de um Cazuza deslumbrante a desfilar seu shortinho jeans rasgado por entre rendas e bordados da Emcetur. Era um desses dias dos 80 aquecido pela recém-surgida febre do rock nacional. Acreditem! Na minha frente estava um sujeito nem aí praquela pentelha quase estérica de caneta e papel amassado na mão. Pois eu ri por último que não sou besta de levar desaforo pra casa! Na demora do rabiscado, dei rabissaca e deixei-O-o a falar sozinho. Arrependo-me até hoje.
De outra vez, em Salvador, de viola na mão, largado pela mídia e pela multidão, encontrei Luís Melodia. Este sim sabia como alimentar a paixão de uma desconhecida. Um autêntico ídolo. Do tipo que sabe que não há ídolos sem fãs. Ele também precisa dar a sua cota de sacrifício, saber dividir-se entre uma vida recatada e sua condição de modelo para muitos.
A pergunta é: como encontrar o ponto de equilíbrio?
Talvez seja necessário pensar o papel do fã não apenas como aquele mala sem alça que dá a vida em troca de nada.
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E não tem fotinha, mas tem o próprio autógrafo :)




Atualização do post ou Escrevi depois

* Sublime, talvez seja essa a única palavra capaz de definir o show do Stanley Jordan.
** Feita a correção da palavra hieroglifo, aqui grafada incorretamente.