El blog de los 3 amigos

quinta-feira, novembro 18, 2004

. De tempos em tempos resurge um autor. De sorte que isso
traz a possibilidade da compra de títulos imprescindíveis a
preços mais acessíveis. No mais, é um tal de exibir-se que
dá nos nervos. Por agora virou moda ler Nietzsche. Ora, vejam!
Vai daí que ler por obrigação, para os deveres de casa, pode ser
ainda mais enervante. Bom: li-o, e lerei-o-o uma e outra vez mais,
já que resolvi, além do que devo, partir para a complementação.
Pois pois, tenho na cabeceira Assim Falou Zaratustra e Quando
Nietzsche Chorou. Estão me fazendo um bem danado. Afinal não
estou mais na idade de ter juízo, segundo o Doutor Babi.

. Li o primeiro e comento com você. O convite é para que você
chegue ao final do comentário e que comente no habla alguna cosa.


O alerta do autor para a incompreensão do seu Zaratustra,
de certa forma, faz sentido. Não que o texto seja rebuscado
ou que sua mensagem seja indecifrável. O que torna a leitura
de Assim Falou Zaratustra um tanto demorada é a riqueza
de símbolos apresentados no ir e vir do pensamento de um
eremita em busca de cumprir sua missão: profetizar o alvorecer
do Super-homem, o que virá como superação do próprio homem.
Um Zaratustra já maduro se refugia por longos dez anos numa
caverna. São suas companhias uma serpente e uma águia, únicas
a gozar da sabedoria que o alimenta. "Enfastiado", resolve "descer
às profundidades", quer "tornar a ser homem". Parte, então,
à procura de ouvidos que o queiram ouvir. Em suas peregrinações,
prega o amor ao homem, à sua força criadora. Compara-o a uma
"corda estendida entre o animal e o Super-homem: uma corda
sobre um abismo; perigosa travessia, perigoso caminhar; perigoso
olhar para trás, perigoso tremer e parar".(Nietzsche, p. 27). Mas
antevê a sua libertação justamente na morte de Deus. Nenhum
valor estabelecido lhe passa desapercebido. E, embora a tarefa
não lhe seja fácil, e que sejam "escuros os caminhos de Zaratustra",
segue falando: primeiro à multidão, como um pastor, na praça pública;
e depois a cada um que lhe pareça um "companheiro". Seu alvo
são os que vivem a vida inventando novas formas de superação;
os que têm virtudes e as reconhecem; os que têm a alma aberta
à transformação; os de espírito livre; os que "sabem viver como que
se extinguindo", os fortes. Seu combate permanente se dá diante
das verdades estabelecidas pelos "fiéis da verdadeira crença".
Suas palavras chegam através dos seus discursos, apresentados
curiosamente como na Bíblia: por vezes tem-se a impressão
de estar lendo as parábolas. Sem seguir uma lógica aparente
discorre sobre vida e morte, virtude, compaixão, justiça, o Estado,
guerra e paz, o casamento, a mulher, a ciência, e, sobretudo,
discorre sobre o bem e o mal. Na verdade, cada um dos seus
discursos é uma negação aos valores vigentes. Não esqueçamos
sua estratégia de estabelecer o reinado absoluto do homem, do
Super-homem. O caminhar de Zaratustra por duas vezes é
interrompido para que este se recolha à sua solidão. Refeito
da incompreensão dos homens, surpreende-se com os que o seguem.
Renega-os. Quer discípulos mais preparados para a sua verdade.
Descobre por fim que não há entre os homens, seres "bastante altos
nem bastante fortes" que possam apropriar-se da denominação de
Super-homem. Mesmo assim, regozija-se com o surgimento do que
considera o prenúncio da chegada do próprio filho: "chegou o leão,
os meus filhos não tardam". Para ele o sinal significava que era chegada
a sua hora. Longe de ser o ocaso anunciado, era chegada "a sua alvorada".
Um recomeço? O eterno retorno a si mesmo e à vida? Definitivamente,
é uma leitura para se ler ruminando, como diria Nietzsche.
Contestando valores, Zaratustra(ou seria Nietszche ?) nos coloca diante
de um sem número de interrogações. Teria vacilado o seu
profeta-filósofo-e-quase-deus? O que se apresenta como crítica não seria
uma prova irrefutável da sua incapacidade de fuga diante do que lhe foi
incutido? Renegar seria uma forma de tentar desviar-se da mão invisível
que também lhe segura? O que levou o autor à escolha da narrativa tão
próxima da Bíblia? Zaratustra isolou-se como Cristo; peregrinou em busca
de díscipulos para levar adiante a sua verdade; os dois foram alvo dos risos
da multidão. São propositais as seqüências das falas, a ceia?
Ele mesmo não teria se tornado um Deus e por sua aversão aos discípulos?
E mais: a loucura está presente com que força através de seus discursos?
Sobre isso não falou Zaratustra.


2 Comments:

  • You are not right. Let's discuss it.

    By Anonymous Anônimo, at 3:22 AM  

  • You are absolutely right. In it something is and it is good thought. It is ready to support you.

    By Anonymous Anônimo, at 3:38 PM  

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