El blog de los 3 amigos

quarta-feira, agosto 04, 2004

Nas idas e vindas que este mundo dá, estou de volta.


Nada como deixar marcas no caminho, meus amigos. Como quem reaprende a falar, estou aqui a catar letras buscando a maneira certa de reatar nossos laços. Penso que talvez o melhor seja seguir lentamente, tal qual meu coração bate agora: 20 tum tuns a menos que o esperado. Tá bom demais. Sendo assim, que tal uma reverência a um sujeito que gosto muitíssimo e que há bem pouco tempo andou nos pregando um susto? Já que concordamos, aí vai um texto tão EXCLUSIVO quanto as cenas dos programas policiais da TV brasileira, e bem mais INÉDITO do que os filmes do SBT :-)
E agora com foto, uau!

Nonato

Há alguns poucos minutos do horário combinado me ocorreu que nunca o entrevistei. Ali, há oito anos, dividindo experiências, na mesma casa - a TV Jangadeiro, e nunca convidei Nonato Albuquerque para estar comigo Na Boca do Povo. Teria ouvido muitas histórias. Daquelas de "quando a televisão ainda era a lenha". Ou quem sabe casos curiosos dos tempos lá em Iguatu, terra escolhida depois da Acopiara de nascença. Me demoro nos entretantos e ele se avexa por me chamar - Cadê o gravador? Ferramenta em punho, ouço a reclamação do entrevistado pela falta de máquina fotográfica para registrar o colóquio. Descontraído, me fala dos mais de 25 anos dedicados ao jornalismo. Quero saber quantos anos mais já viveu: - cinqüenta e uns, mas pode botar um três depois. O começo foi "ainda menino, lá no Iguatu", como rádio-escuta. Da época ficou marcado o dia em que matou a Rainha Elizabeth, da Inglaterra. "Foi um alvoroço. Eu e o dono da rádio ouvindo. Imagina o carão! É que a fita enganchou e ouvi errado". Risos. Já em Fortaleza, fez Comunicação Social na Universidade Federal do Ceará. Diz não recordar ao certo em que ano. É mesmo "péssimo em matemáticas". No Liceu do Ceará, levou "pau do Professor" que o reprovou por cinco décimos. Reconhecido que são muitos os rumos dessa prosa, decidimos por falar da relação do Senhor Barra Pesada, com o programa que apresenta, sua religiosidade e os rumos do jornalismo.

Maísa - Os veículos de comunicação têm sido bandidos ou mocinhos no que diz
respeito à banalização da violência?

Nonato Albuquerque- Temos sido bandidos e algumas vezes a gente dá uma
de mocinho. Somos bandidos quando não cobramos que o sistema penitenciário
brasileiro é arcaico. E às vezes ate o silêncio de um flagrante de uma câmera, ainda
que não tenha a voz do jornalismo falando, é necessário pra que façamos cobranças
às autoridades do sistema penitenciário... Que está atrasado. Que recolhe homens
como se fossem animais e que a própria sociedade pede pra retirar do seu seio.
Sem apontar uma solução.

Maísa - Essas almas(os presos) têm salvação?

Nonato - Têm. Nós temos salvação. Se olharmos bem, éramos piores do que somos
hoje. Cada dia é um ciclo de renovação.

Maísa - Essa sua espiritualidade é uma proteção?

Nonato - Eu sou violento! Todos somos. Esse comportamento é um exercício, não é
uma capa. Não sou bom, perfeito. Não sou santo. Eu queria era ser Papa! (risos).
Nesse angu da vida eu queria ser Papa. Falo isso porque às vezes perguntam por que
não um político. Preferia ser Papa.(risos). Antes de estar Barra Pesada, já tinha
consciência crítica do social. Estamos vivendo um funil. O mundo caminha para uma
mudança. Já, já passa essa fase de alunos analfabetos de virtudes, de sentimento
moral. Não falo de sinais. Falo dos grandes corruptos, dos políticos que não sabem
a missão que têm.

Maísa - Quem seria reprovado na escola da vida?

Nonato - Vixe, todos nós.

Maísa - Tá na hora do mundo acabar?

Nonato - Ta na hora da moral mudar, não o mundo. Essa fase é a hora da moral
mudar - na política, em todos os setores. Hora de mostrar a outra face.

Maísa - De que forma o jornalismo pode contribuir com essa mudança?

Nonato - Sendo fiel ao fato, não adjetivando nada, procurando responder à essência
da estrutura da notícia pra que cada um tenha sua perfeita forma de avaliar. Se indignar
e denunciar o que está errado, além da noticia... exercendo o direito de cidadão. Somos
jornalistas sim, mas somos acima de tudo cidadãos. Devemos exigir a outra parte da questão.