El blog de los 3 amigos

terça-feira, maio 27, 2003

Veja as minhas páginas amarelas...

Entrevista: Nonato Albuquerque

"Queria mesmo era ser papa"


Faltavam alguns minutos pro horário marcado e, de repente, me ocorreu que

nunca o entrevistei. Ali, há oito anos, dividindo experiências, na mesma casa - a TV
Jangadeiro, e nunca convidei Nonato Albuquerque para estar comigo Na Boca do
Povo. Teria ouvido muitas histórias. Daquelas. De “quando a Televisão ainda era a
lenha”. Ou quem sabe casos curiosos dos tempos lá em Iguatu, terra escolhida
depois da Acopiara de nascença. Me demoro nos entretantos e ele se avexa por
me chamar – Cadê o gravador? Ferramenta em punho, ouço a reclamação do
entrevistado pela falta de máquina fotográfica para registrar o colóquio. Descontraído,
me fala dos 25 anos dedicados ao jornalismo. Quero saber quantos anos mais já
viveu: - cinqüenta e uns, mas pode botar um três depois. O começo foi “ainda menino,
lá no Iguatu”, como rádio-escuta. Da época, ficou marcado o dia em que matou a Rainha
Elizabeth, da Inglaterra. “Foi um alvoroço. Eu e o dono da rádio ouvindo. Imagina o carão!
É que a fita enganchou e ouvi errado“. Já em Fortaleza, fez Comunicação Social na
Universidade Federal do Ceará. Diz não recordar ao certo em que ano. É mesmo "péssimo
em matemáticas". No Liceu do Ceará, “levou pau do Professor” que o reprovou por cinco
décimos. Reconhecido que são muitos os rumos dessa prosa, decidimos por falar da
relação do “Senhor Barra Pesada”, com o programa que apresenta, sua religiosidade
e os rumos do jornalismo.


Maísa - Os veículos de comunicação têm sido bandidos ou mocinhos

no que diz respeito à banalização da violência?


Nonato - Temos sido bandidos e algumas vezes a gente dá uma de mocinho.
Somos bandidos quando não cobramos que o sistema penitenciário brasileiro é arcaico.
Às vezes até o silêncio no flagrante de uma câmera, ainda que não tenha a voz do jornalismo
falando, serve pra que façamos cobranças às autoridades do sistema penitenciário... Que
está atrasado. Que recolhe homens como se fossem animais... A sociedade é que
pede pra retirar do seu seio e sem apontar uma solução.

Maísa - Essas almas(os penitenciários) têm salvação?

Nonato – Têm. Nós temos salvação. Se olharmos bem, éramos piores do que
somos hoje. Cada dia é um ciclo de renovação.

MaísaEssa sua espiritualidade é uma proteção?

Nonato - Eu sou violento! Todos somos. Esse comportamento é um exercício,
não é uma capa. Não sou bom, perfeito. Não sou santo. Eu queria era ser Papa! (risos).
Nesse angu da vida eu queria ser Papa. Falo isso porque as vezes perguntam por que
não um político. Preferia ser papa.(risos). Antes de “estar Barra Pesada”, já tinha
consciência crítica do social. Estamos vivendo um funil. O mundo caminha para uma
mudança. Já, já passa essa fase de alunos analfabetos de virtudes, de sentimento moral.
Não falo de sinais. Falo dos grandes corruptos, dos políticos que não sabem a missão que têm.

Maísa - Quem seria reprovado na escola da vida?

Nonato - Vixe, todos nós.

Maísa - Tá na hora do mundo acabar?

Nonato - Ta na hora da moral mudar, não o mundo. Essa fase é a hora da moral
mudar - na política, em todos os setores. Hora de mostrar a outra face.

Maísa - De que forma o jornalismo pode contribuir com essa mudança?

Nonato - Sendo fiel ao fato, não adjetivando nada, procurando responder à essência
da estrutura da notícia pra que cada um tenha sua perfeita forma de avaliar. Se indignar e
denunciar o que está errado, além da noticia... exercendo o direito de cidadão. Somos
jornalistas sim, mas somos acima de tudo cidadãos. Devemos exigir a outra parte da questão.


 Este foi um exercício da disciplina de Técnica de Reportagem. Talvez eu continue publicando.