El blog de los 3 amigos

quinta-feira, outubro 24, 2002

E de repente, um frenesi e alguém grita "ele chegou!!" Dai pra frente é um aperto um empurra-empurra e a história passa por mim. Pequeno, gorducho, a cara do Brasil comum, mais uma vez cercado da Polícia Federal, só que desta vez ele não estava sendo preso, mas aqueles policiais (que depois descobri, eram também tietes) estavam fazendo a segurança. Ironia do destino? Talvez, mas agora aquele operário não era mais o terror dos dirigentes militares (do início da abertura), mas o futuro presidente do meu país. E como num filme as cenas se fizeram na tela da memória (memórias, meus maiores bens para deixar em testamento): a greve dos metalúrgicos do ABC, eu na militância estudantil, jeans, camiseta vermelha, All Star, estrela no peito, botton do Chê, sacola verde de militar, luta por "diretas já" (e minha frustração adolescente, de ver o sonho desmanchado), 1989, "meu primeiro voto pra fazer brilhar nossa estrela", nova frustração. Mais anos se passaram e, 13 anos depois, estou eu definitivamente "por um triz pro dia nascer feliz".

Comício, calor na praça, meu sol de Fortaleza, meus companheiros e conterrâneos, um mar vermelho e branco, discursos e aplausos, o baixinho de novo com o mesmo discurso forte de há muitos anos atrás, a multidão vai ao delírio. Retorna ao aeroporto velho, dessa vez pouca gente uma saleta e a tietagem, autógrafo na camisa azul, espetando a estrela vermelha na camisa branca do "fenômeno", como um gesto de troca (ele me deu a sua em 1989 na José de Alencar). Um beijo inesperado do amigo Bizolão, muitas fotos para registrar no papel o que jamais sairá da memória, conversas antes de entrar no avião, vinho do Porto e o coração a mil, definitivamente:

Não dá pra apagar o sol
Não dá pra contar estrelas
Que brilham no firmamento
Não dá pra para o rio
Quando ele corre pro mar
Não dá pra parar o Brasil
Quando ele quer cantar:

Lula la brilha uma estrela...