El blog de los 3 amigos

terça-feira, outubro 29, 2002

Democracia & Truculência

Fiquei indignado ao receber essa mensagem via email, tratei de enviar para todos da minha caixa postal e também publicar aqui no nosso cantinho, que tem se pautado por um pensar democrático e progressista. Assim como sonho com um Brasil melhor e tenho hoje a esperança de vê-lo surgir, também sonho com um Ceará democrático, onde o Imperador Jereissati I (e único), não imponha mais sua vontade absolutista. Segue a carta completa do professor Ângelo Brayner. Sugiro que, os que se sintam indignados (como eu), com a injustiça e a truculência do ato, possam manifestarem-se enviando mensagens de solidariedae ao cidadão agredido, seu endereço eletrônico está logo abaixo da carta.

Domingo, ao caminhar em uma rua de Fortaleza, meu filho André, um adolescente de 16 anos, e eu observávamos alegres a festa democrática de uma eleição histórica para o Brasil e para o Ceará. Após a experiência de duas eleições na Alemanha, comentávamos orgulhosos como o brasileiro tinha um sentimento de participação no processo político muito profundo. Em frações de segundos, um comboio de carros do batalhão de choque da Polícia Militar do Ceará pára em frente a nós. Dezenas de policiais fortemente armados descem do carro e partem para cima de nós. Desesperado, digo que não éramos bandidos, pensando tratar-se de algum engano. Quando um soldado afirma que eu não era bandido, mas era um "vagabundo", percebi que o problema é que trajávamos camiseta do candidato José Airton do PT, adversário do candidato de Tasso Jereissati, Lúcio Alcântara. No mesmo instante, recebia um tapa no rosto do mesmo soldado. Ato incontinenti, mais de seis policiais partiram para me agredir e, o que é mais doloroso para mim, para agredir meu filho. Em um ato de autodefesa, ele implorava para que não fizessem aquilo, informando aos policiais que era menor de idade. De nada adiantou. Bateram em mim e meu filho de forma brutal e covarde. Ameaçavam meu filho com escopetas. Naquele momento, o que mais doía não eram as pancadas que levava, mas ver meu filho sendo agredido por brutamontes, cujos salários saem dos impostos pagos com o suor de nosso trabalho. Toda aquela seção pública tortura era assistida e comandada por um Capitão do batalhão de choque. A pancadaria só não foi maior porque o meu colega, professor Mauro Pequeno da UFC, interveio a nosso favor, com o argumento que eu era professor universitário. Quando recuaram, tornou-se claro que brutalidade tinha sido comandada na realidade pelo Cambeba (sede do
governo do Estado do Ceará). A intolerância com o diferente e com o contrário tem sido a marca registrada da Era Tasso Jereissati & Ciro Gomes, que agora será continuada por Lúcio Alcântara. Hoje, com o corpo dolorido pelas agressões físicas e com o coração triste pelo fato de ter assistido meu filho ser covardemente agredido e ameaçado como um bandido, questiono-me sobre nossa democracia. Podemos considerar democracia um estado onde um cidadão não tem direito de pensar diferente do governo de plantão? Podemos considerar democracia um estado em que sua polícia bate em seus cidadãos (menores de idade, inclusive) sem nenhum motivo aparente?

Ângelo Brayner
Professor do Mestrado em Informática Aplicada
Universidade de Fortaleza

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Dr. Angelo Brayner - University of Fortaleza, Brazil
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